Vanessa Giácomo entrou de cabeça no filme Jean Charles, que chega às telonas nesta sexta (26). Sem roteiro em mãos, ela recorreu à improvisação e à sua sensibilidade feminina para interpretar Vivian, prima de Jean Charles de Menezes (vivido por Selton Mello), o brasileiro morto em Londres ao ser confundido com um terrorista. Na cena em que sua personagem reconhece o corpo do primo, Vanessa não controlou a emoção. "Eu não parava de chorar, foi muito emocionante, realmente estávamos vivendo aquilo", disse em entrevista ao Terra.
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Luis Miranda completou que o "cheiro da tragédia" que impregna Londres também colaborou para o envolvimento com o filme. "Nós fomos à estação Stockwell e na casa onde o Jean morava e isso nos fez construir algo muito verdadeiro", disse.
Vanessa e Luis dividiram cenas com não-atores no filme, como Patrícia Armani, prima de Jean Charles, que interpreta ela mesma, e Maurício Varlotta, que foi chefe do rapaz em Londres. "A Patrícia virou da nossa família. Antes da gente filmar, ela comentava coisas sem pensar que aquilo enriqueceria nosso trabalho. Houve uma troca muito grande", contou Vanessa.
Confira a entrevista completa com Vanessa Giácomo e Luis Miranda:
Vanessa, você não leu nenhum roteiro antes de filmar Jean Charles. Já tinha trabalhado com uma situação de improviso tão intensa antes?
VG: A gente acaba trabalhando durante a vida, mas desse jeito não. Foi bem diferente, eu não sabia o que ia encarar no dia seguinte. Na cena em que eu, o Luis Miranda e a Patrícia Armani vamos reconhecer o corpo do Jean Charles foi terrível. Eu não podia olhar para o Luis, não parava de chorar. Foi muito emocionante, realmente estávamos vivendo aquilo, perdemos o Jean de fato. Estávamos longe de tudo, de casa, dos amigos (eu ainda tinha minha mãe e meu filho), ficamos isolados como eles (os imigrantes) ficam e somado ao fato de não falar bem a língua foi muito duro.
VG: A gente acaba trabalhando durante a vida, mas desse jeito não. Foi bem diferente, eu não sabia o que ia encarar no dia seguinte. Na cena em que eu, o Luis Miranda e a Patrícia Armani vamos reconhecer o corpo do Jean Charles foi terrível. Eu não podia olhar para o Luis, não parava de chorar. Foi muito emocionante, realmente estávamos vivendo aquilo, perdemos o Jean de fato. Estávamos longe de tudo, de casa, dos amigos (eu ainda tinha minha mãe e meu filho), ficamos isolados como eles (os imigrantes) ficam e somado ao fato de não falar bem a língua foi muito duro.
Os diálogos são muito frescos e verdadeiros. Houve um ensaio antes?
LM: Não. Nós ficamos no mesmo hotel, estávamos todos na mesma situação, nós éramos de fato uma família. Eu cuidei do filho da Vanessa, por exemplo. O cheiro da tragédia ainda impregna a cidade. Nós fomos à estação Stockwell e na casa onde o Jean morava e isso nos fez construir algo muito verdadeiro.
LM: Não. Nós ficamos no mesmo hotel, estávamos todos na mesma situação, nós éramos de fato uma família. Eu cuidei do filho da Vanessa, por exemplo. O cheiro da tragédia ainda impregna a cidade. Nós fomos à estação Stockwell e na casa onde o Jean morava e isso nos fez construir algo muito verdadeiro.
VG: A gente ficava isolado. O diretor só nos falava o que tínhamos que fazer na hora. E raramente tinha que repetir a cena. Então ficou tudo muito fresco, era exatamente o que estávamos sentindo. A gente se conduzia através do olhar dos três primos de Jean, Patrícia, Alex e Vivian.
O que a presença de Patrícia no set trouxe para o filme?
VG: A Patrícia é uma figura adorável. A gente ria muito com ela, tínhamos total liberdade. Ela virou da nossa família. Antes da gente filmar, ela comentava coisas sem pensar que aquilo enriqueceria nosso trabalho. Nós a ajudávamos e ela nos ajudava muito. Houve uma troca muito grande.
VG: A Patrícia é uma figura adorável. A gente ria muito com ela, tínhamos total liberdade. Ela virou da nossa família. Antes da gente filmar, ela comentava coisas sem pensar que aquilo enriqueceria nosso trabalho. Nós a ajudávamos e ela nos ajudava muito. Houve uma troca muito grande.
Vocês se lembram onde estavam quando ouviram a notícia do Jean Charles?
LM: Eu estava no Rio, fazendo Globo. A única coisa que eu pensei foi: 'nossa gente, um brasileiro terrorista?'. Depois que eu li as matérias, vi que era apenas um cara na hora errada e no lugar errado. Quando veio o convite para fazer o filme eu reativei todas as informações que tinha. Mas nada foi mais impactante do que estar lá com eles (primos). Foi lá que eu percebi o peso da história.
LM: Eu estava no Rio, fazendo Globo. A única coisa que eu pensei foi: 'nossa gente, um brasileiro terrorista?'. Depois que eu li as matérias, vi que era apenas um cara na hora errada e no lugar errado. Quando veio o convite para fazer o filme eu reativei todas as informações que tinha. Mas nada foi mais impactante do que estar lá com eles (primos). Foi lá que eu percebi o peso da história.
VG: Eu estava no Rio e fiquei bastante chocada com o caso, já sabia que ele tinha sido confundido. Vi um depoimento da mãe do Jean e aquilo me marcou muito. Pior é para quem fica, para quem carrega a dor. Eu conheci os pais antes das filmagens e foi algo muito difícil.
Vanessa, como foi a mudança do seu visual por causa do filme?
VG: Pediram para eu cortar o cabelo curto e eu não quis. A maquiadora do set, então, deu a sugestão de uma franja. Eu cortei com uma japonesa entre uma cena e outra. Tive apenas uma hora para cortar, fazer a maquiagem e voltar a gravar. Coincidentemente, a Vivian, naquela época, também estava de franja.
VG: Pediram para eu cortar o cabelo curto e eu não quis. A maquiadora do set, então, deu a sugestão de uma franja. Eu cortei com uma japonesa entre uma cena e outra. Tive apenas uma hora para cortar, fazer a maquiagem e voltar a gravar. Coincidentemente, a Vivian, naquela época, também estava de franja.
LM: Foi impressionante a semelhança entre ela e a Vivian. De franja, se colocassem as duas lado a lado, elas eram completamente idênticas.
O que vocês tiraram da relação com os primos?
VG: O Henrique Goldman não queria que nós tivéssemos muito contato com os primos para não tirar uma espontaneidade.
VG: O Henrique Goldman não queria que nós tivéssemos muito contato com os primos para não tirar uma espontaneidade.
LM: Eu fui bater um dia de obra com o Alex. Vi que ele era engraçado, mas de um jeito quase idiota. Eu acho que não devemos imitar, tem que pegar traços que sejam fundamentais. E a ideia que tem que ficar do Alex é o lado político. Politicamente ele não aceitou a morte do primo. E o que eu acho mais absurdo dessa história toda são os primos permanecerem em Londres após a morte do Jean. Eu não conseguiria.